segunda-feira, 26 de julho de 2010

Infância, não consigo entender.

Visualizava. Pensava consigo mesmo: "O que haverá do outro lado?". Cheia de teia-de-aranha, empoeirada, com aspecto de velha... Quem sabe há ouro? Pedras preciosas, talvez? Não há indício algum de que foi aberta recentemente, falando bem a verdade, não há indício que foi aberta nos últimos cem anos ou talvez nunca tenha sido aberta, mesmo.
Ao lado um baú, desses que avó guarda roupas e fantasias velhas. O baú não era muito alto, mas mesmo assim batia em seu peito, tanto que teve dificuldade de abri-lo. Ao abrir, encontrou o que acabo de mencionar: roupas e fantasias velhas. Até pensou em vesti-las e imaginar que era um rei, muito rico, onde era o grande soberano de seu magnífico reino, porém já lhe veio à cabeça o ouro e as pedras preciosas que poderiam encontrar do outro lado da porta e continuou vasculhando o baú. No fundo, o que procurava: uma chave, dourada e velha, obviamente a da porta.
Esqueceu as roupas no chão e que o baú ainda estava aberto.
Visualizava. Ao colocar a chave e virá-la, ou seja, ao abrir a porta será que pode haver monstros ou boi-da-cara-preta das músicas que a mamãe cantava antes de dormir?
"AI!" - Gritou de susto quando ouviu o zunido de uma mosca no parapeito da janela. Fez seu coração disparar. Com isso, bombeiu-se mais sangue para o cérebro, lembrando, assim, do possível ouro e pedras preciosas do outro lado.
Tomou coragem. Enfiou a chave na fechadura. Encaixou. Virou a chave 720° no sentido horário. Ouvi-se o tilintar da porta aberta. Só lhe falta girar a maçaneta.
Abriu-se. O brilho veio em seus olhos! Sim! Um bastão de ouro e uma pedra preciosa, apostava que era diamante, ao lado, agora sim poderia colocar sua roupa de rei e ser muito rico, pois nada o detinha.
Enquanto isso acontecia, seu avô e seu pai ao lado ficavam observando. Não entenderam porque ele, o menino, ficava visualizando a porta do quartinho que ficava embaixo da escada e porque abriu o cesto de roupa suja, pegou um predendor-de-roupa, fingiu colocá-lo no buraco da fechadura, abriu a portinha que já estava aberta, ficou contente ao ver a vassoura e a pá e levou consigo tanto a pá quanto a vassoura, junto com a roupa de seu irmão mais velho do cesto de roupa suja.
- O que será que deve ter acontecido para ele? - perguntou o pai para o avô.
- Ixi, nunca saberemos.

Otni Seixas, 26/07/2010.

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